Apoio
à candidatura de Lula diverge
da maioria dos diretórios de outros
estados, que
almejam subir no palanque
ao lado de Ciro Gomes
30/07/2018 07:58 Atualizado
em: 30/07/2018 10:07

Pela primeira vez, o PSB de Pernambuco deverá perder uma decisão
nacional a ser tomada pelo conjunto do partido. Tal realidade não acontecia
desde que o ex-governador Miguel Arraes assumiu o comando do partido há 27
anos. Os socialistas pernambucanos, mesmo com uma representatividade forte na
direção nacional, devem perder a batalha para o grupo que defende o alinhamento
da legenda com o pré-candidato do PDT, Ciro Gomes. O cenário desenhado hoje
mostra que a maioria dos diretórios estaduais tende a aprovar a aliança com o
ex-ministro.
O governador Paulo Câmara (PSB), que é vice-presidente do PSB nacional,
antecipou o anúncio do apoio ao ex-presidente Lula (PT), mesmo com as
articulações para fechar o acordo em andamento. A direção estadual também já
havia se posicionado a favor do petista. Nos bastidores, no entanto, os
socialistas ponderam que a neutralidade seria o melhor opção para o partido,
tese que deve ser rejeitada na Congresso Nacional do PSB marcado para o próximo
domingo.
O encontro será realizado no Hotel Nacional, em Brasília, das 9h às 17h. A
reunião será no mesmo dia da convenção estadual do PSB, que irá homologar o
nome de Paulo Câmara como candidato à reeleição pela Frente Popular de
Pernambuco. Mesmo assim, a assessoria do líder socialista confirmou a presença
dele no evento nacional do partido.
Mesmo tendo a maioria dos diretórios a favor de Ciro Gomes, o PDT não está
insatisfeito com a demora do partido para definir o caminho que irá seguir.
Para forçar um posicionamento formal, os pedetistas aderiram, na última
quinta-feira, ao palanque do governador Márcio França (PSB). Segundo uma fonte,
o nome do ex-ministro também conta com a aprovação de Carlos Siqueira, que não
aceita a neutralidade do partido em uma eleição que, na avaliação dele, vai
ocorrer no momento em que o Brasil enfrenta uma crise política-econômica
bastante grave.
Quem acredita que a neutralidade pode acalmar os ânimos do partido alega que,
mesmo com o PSB apoiando formalmente um candidato, a verticalização não será
obedecida nos estados em razão das diferenças regionais. Em São Paulo, por
exemplo, ainda prossegue a expectativa de Márcio França caminhar ao lado de
Geraldo Alckmin, de quem foi vice no governo paulista. Nesse caso, ele
receberia da direção nacional a permissão para fechar parceria com o tucano.
Aos filiados do PSB está vetada coligações com candidaturas consideradas de
extrema direita, a exemplo de Jair Bolsonaro (PSL) e Álvaro Dias (Podemos).
Por outro lado, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, também continua
trabalhando para ter o apoio do PSB. Na sexta-feira passada, ela deixou claro,
depois de uma visita ao presidente Lula, preso na Superintendência da Polícia
Federal, em Curitiba, que a aliança com os pernambucanos depende da coligação
formal com os socialistas no campo nacional. Caso a parceria PSB/PT se
confirme, a précandidatura da vereadora do Recife Marília Arraes (PT) será
retirada da disputa para o governo do estado.