Atualizada 12/07/201818h11
O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi absolvido nesta quinta-feira
(12) no processo em que era acusado de obstrução à Justiça envolvendo a
Operação Lava Jato A sentença do juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara
Federal Criminal no Distrito Federal, refere-se a um suposto esquema para a
compra do silêncio do exdiretor da Petrobras Nestor Cerveró. A absolvição
ocorre exatamente um ano após a sentença do juiz Sergio Moro que condenou Lula
na Lava Jato no caso do tríplex. A conclusão que levou o juiz Ricardo Leite a
absolver os réus foi que "o áudio captado não constitui prova válida para
ensejar qualquer decreto condenatório". Leia mais: Leia a íntegra da
sentença que absolveu Lula
Equipe de Lula diz que houve 'justiça' e critica
Moro após absolvição no DF "A instrução, a meu sentir, não possibilitou a
reconstrução da realidade fática, o que impede qualquer decreto condenatório.
Há inúmeras possibilidades e circunstâncias do que realmente ocorreu, incluindo
a probabilidade real de que os pagamentos foram solicitados por Bernardo e
Cerveró de forma premeditada", escreveu o magistrado. De acordo com
Ricardo Leite, houve "clara intenção" de preparar o flagrante para
depois oferecer provas ao Ministério Público. "Mesmo assim, a prova
fornecida (a gravação obtida) foi deficiente. Não esclarece vários pontos,
ensejando dúvidas . Em
suas alegações finais, em setembro, o MPF (Ministério Público Federal), por
meio do procurador Ivan Cláudio Marx, havia pedido a absolvição do petista Por
achar que "a situação de Lula como sendo o chefe dessa operação de
obstrução à Justiça não resultou comprovada". Lula foi implicado na ação
penal em função do acordo de colaboração firmado por Delcídio junto à Justiça Em
sua delação, o ex-senador citou um encontro em maio de 2015 no qual o
ex-presidente teria expressado preocupação em relação a Bumlai. Lula, então,
teria pedido a intervenção de Delcídio junto ao pecuarista e ao exdiretor da
Petrobras. O pedido de Lula para auxiliar Bumlai, de acordo com o delator,
tinha como objetivo "segurar" um acordo de Cerveró. O esquema
teria movimentado R$ 250 mil, divididos em cinco pagamentos mensais de mesmo
valor. Para Marx, porém, o processo "demonstrou não ter sido essa a única
inverdade narrada pelo 'colaborador' Delcídio". De acordo com o
procurador, "a família Cerveró não sabia que o dinheiro vinha a mando de
Lula nem mesmo que era para protegê-lo". Na decisão, o juiz afirma que não
há provas que sustentem a versão apresentada pela acusação. "A colaboração
premiada, bem como o testemunho de outros réus não possuem credibilidade
suficiente para qualquer juízo condenatório", escreve o juiz na
decisão. "Entretanto, concordo que há hipóteses lógicas e razoáveis,
mas não calcada em provas idôneas e sim em palavras de delatores que, conforme
mencionado, devem ser analisadas com ressalvas", afirma o magistrado. O
magistrado relata ainda que a defesa de Lula apontou que Delcídio o incluiu em
sua delação porque "queria aumentar seu poder de barganha" com o MPF.
Em nota a defesa de Lula avaliou que Leite reconheceu que "há deficiência
probatória, afastando a acusação de que Lula teria tentado impedir ou modular a
delação premiada de Cerveró". Para a equipe de defensores, a acusação
"se baseou em versão criada por Delcídio do Amaral para obter benefícios
em acordo firmado com o Ministério Público Federal". Os defensores de
André Esteves reforçaram que tinham "absoluta confiança na
absolvição". "A defesa reconhece que é um dever do Estado investigar,
porém, toda e qualquer investigação deve ser feita dentro do devido processo
legal, sem
espetacularização e sem excessos", diz a nota. O advogado Delio
Lins e Silva, defensor de Diogo Ferreira, afirmou que a absolvição fez Justiça.
"Justiça feita. Todas as ações de Diogo foram praticadas a mando de
Delcídio Amaral, sem noção de que pudesse estar fazendo algo errado, além do
que sempre colaborou com a Justiça no sentido de ver os fatos devidamente
esclarecidos", afirmou o advogado, em nota divulgada por sua assessoria de
imprensa. Em função da condenação por Moro no caso do tríplex, o petista está
preso desde 7 de abril na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. A
sentença da Justiça do DF não altera a prisão. A acusação A denúncia contra
Lula e Delcídio não foi feita originalmente pelo MPF, mas, sim, pela PGR
(Procuradoria-Geral da República) em função do foro privilegiado a que, na
época, Delcídio, ainda senador, tinha direito. Em dezembro de 2015, pouco menos
de um mês após ter sido preso preventivamente, Delcídio foi denunciado pelo
então procurador-geral da República Rodrigo Janot. Em conjunto com o
ex-senador, também foram denunciados Ferreira, Esteves e Ribeiro Filho. Quase
cinco meses depois, já com o acordo de Delcídio em vigor, Janot adicionou,
entre os acusados, o ex-presidente, Bumlai e o filho do Todos eram acusados de
obstrução à Justiça. Como, em maio de 2016,
Delcídio foi cassado ele perdeu o
foro privilegiado. Como ele era o único dos réus nessa condição, o processo
passou para a primeira instância, na Justiça Federal no Distrito Federal.
Processos de Lula Com a sentença publicada nesta quinta-feira, Lula ainda
responde a mais três processos na Justiça Federal no Distrito Federal. Dois
desses processos referem-se à Operação Zelotes: um por tráfico de influência e
outro por venda de Medida Provisória de incentivos fiscais a O terceiro
processo ainda em aberto é sobre liberação de empréstimos do BNDES na
Operação Janus. No Paraná, em ações ligadas à Lava Jato, Lula já foi condenado
por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo do tríplex. Já julgado
pela segunda instância, esse processo
levou o petista à prisão. Desde 7 de
abril, ele cumpre sua pena na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
Lula ainda aguarda os últimos movimentos do processo sobre um terreno para o
Instituto Lula e um apartamento alugado para ele ser conhecida perto da
eleição, já que ainda resta aos réus e à acusação apresentarem seus
últimos argumentos a Moro. Ainda não há data definida para isso. Já o
processo sobre o sítio em Atibaia (SP) ainda terá testemunhas de defesa sendo
ouvidas em agosto. Lula será interrogado pela terceira vez por Moro em 11 de
setembro. Apenas após essa etapa o processo irá rumar para seu final. A defesa
do ex-presidente nega as acusações em todos os processos e diz que ele é alvo
de perseguição política.
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