Segundo a polícia,
irregularidades de higiene foram identificadas na empresa, que tem a marca
Kinitos. Mães afirmam que rato foi achado em saco, mas que jogaram produto
fora.
A Ordep Fabril Nordeste LTDA, que produz as pipocas e os salgados Kinitos, foi interditada pela Vigilância Sanitária e Polícia Civil por não se adequar às normas de higiene de produção. A fiscalização aconteceu na empresa, no Recife, após um grupo de mães denunciar que uma das crianças teria encontrado um rato dentro da embalagem da pipoca e outra passou mal ao ingerir um biscoito da mesma empresa. (Veja vídeo a baixo )
Segundo a polícia, durante a fiscalização realizada na empresa foram encontradas diversas irregularidades, como a falta de manutenção de um maquinário antigo, sujeira nas máquinas e sacos de rejeitos acumulados em uma área aberta, que não eram recolhidos semanalmente.
O caso foi divulgado pela polícia nesta segunda-feira (1º), em coletiva de imprensa. As investigações estão sendo realizadas pela Delegacia do Consumidor.
De acordo com a delegada Beatriz Gibson, responsável pelo caso, a situação teve início em Abreu e Lima, no Grande Recife, quando uma garota dividiu uma pipoca com os amigos durante um grupo de estudos. Ao começar a aula, a professora pediu que eles recolhessem os alimentos e um outro colega guardou a pipoca e levou pra casa.
"Quando chegou em casa, ele foi comer a pipoca, que já estava do meio para o fim. Ele estava junto da mãe, e disse 'mamãe, o que é isso?'. Quando a mãe viu, era um roedor. Um rato muito pequeno, que comumente a gente chama de catita", explica a delegada Beatriz Gibson.
Contato com o fabricante
Em depoimento à polícia, quatro mães de crianças que ingeriram a pipoca disseram que, após encontrar o rato, a mãe do garoto entrou em contato com elas e todas foram juntas ao vendedor, que contactou a empresa fabricante.
"A empresa marcou uma reunião com as cinco mães. Nessa reunião, já chegaram com kits de brindes para as crianças. Conversaram com as mães, disseram que as mães deveriam levar as crianças ao médico, comprar antibióticos, e houve toda uma negociação", afirma a delegada, acrescentando que a empresa não negou que ajudou as mães.
"Segundo elas, foram R$ 500 para cada mãe", disse a delegada.
Após a reunião, de acordo com a delegada, uma das mães, que estava de posse da pipoca, disse que 'ia resolver e depois fazia contato'. As outras mães e a professora decidiram que iriam denunciar o caso para a polícia, mas a mãe do garoto já havia jogado a prova fora.
No primeiro momento, então, as mães não fizeram nada. A decisão de denunciar só veio quando, segundo a delegada, outra criança desse mesmo grupo teria passado mal após ingerir um biscoito que veio dentro do kit entregue pela empresa.
"E aí, resolveram, as quatro, contra a vontade da [mãe] que tinha se desfeito da pipoca e do rato, procurar a delegacia", afirma a delegada.
Perícia
Segundo a delegada, os biscoitos foram encaminhados para o Instituto de Criminalística, onde serão realizados exames para identificar se o alimento estava próprio para consumo humano. Para este tipo de crime, a pena varia de dois a cinco anos de prisão.
“Quero tranquilizar as mães, professoras, que estão ligando muito para a delegacia. A produção de pipoca dessa fábrica foi interditada e só voltará a produzir pipoca quando ela se adequar totalmente às normas sanitárias, como também toda a pipoca que estava sendo produzida e a pipoca ensacada para comercialização foi incinerada pela Emlurb”, destaca a delagada.
Beatriz também explica que, como o caso aconteceu em agosto, as mães não prestaram queixas e não há provas materiais sobre a presença do camundongo no pacote. A foto com o rato dentro da embalagem será apenas anexada ao inquérito, mas não há como provar se, de fato, aconteceu.
"Só resta a foto e com a foto a gente não pode comprovar. Apesar de ser um crime de ação pública incondicionada, a gente pode até ilustrar o inquérito com essa foto, mas não pode [comprovar], porque não tem a materialidade, que seria a pipoca", explica a delegada.
Denúncias
A delegada Beatriz Gibson reforça, ainda, a importância de que as pessoas denunciem caso encontrem qualquer corpo estranho dentro de alimentos de todos os tipos.
“A criança que passa por isso tem que ser submetida à observação, a um antibiótico forte e a uma outra medicação que também impede a manifestação da leptospirose. Além da punição, o mais importante é impedir que esses produtos continuem a ser produzidos e que o que já está produzido seja incinerado, para que outras pessoas não passem por isso”, afirma a delegada.
Resposta
Por meio de nota, a Ordep Fabril Nordeste LTDA afirmou que colabora com as autoridades para esclarecer os fatos, investigados a partir de uma denúncia deque um objeto estranho teria sido encontrado em uma embalagem. A empresa afirma também que os processos industriais passam por “rigorosas” e “constantes” fiscalizações.
A indústria afirma que atua no mercado há mais de 45 anos e segue as normas sanitárias e que “nunca foi comprovado algo semelhante ao denunciado”.
A fábrica esclarece, ainda, que realiza controle de pragas. Afirma que o processo produtivo impede que qualquer objeto de tamanho diferente dos produtos chegue até a linha de fabricação, pois passa por três peneiras com barreiras e por um sistema de transporte por meio de canalização a vácuo.
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