Presidente da Associação dos Delegados diz que o governo do estado agiu, 'aparentemente', com intuito de afastar Patrícia Domingos dos casos
Publicado em: 09/11/2018 09:13 Atualizado em
O presidente da Associação dos Delegados de Polícia
do Estado de Pernambuco (Adeppe), Francisco Rodrigues, disse ontem, que,
“aparentemente”, o governo do estado quis afastar a delegada Patrícia Domingos
das investigações de crimes de colarinho branco do estado. Para ele, o
governador Paulo Câmara (PSB) deveria ter apresentado a proposta de acabar com
a Delegacia de Polícia de Crimes Contra a Administração e Serviços Públicos
(Decasp) “antes das eleições”, para que o eleitor pudesse ter avaliado.
Francisco falou sobre o assunto após ser informado que Patrícia, titular da
extinta Decasp, tinha se oferecido para trabalhar no novo Departamento de
Repressão ao Crime Organizado de Pernambuco (Draco) como delegada, na mesma
função, mas não recebeu aval da chefia da Polícia Civil.
O novo departamento, regulamentado por decreto,
assinado pelo governador e divulgado ontem no Diário Oficial, será chefiado por
“Delegado de Polícia, nomeado pelo governador do estado”, com seis cargos com
gratificação em áreas chaves. Na extinta Decasp, a delegada Patrícia Domingos
estava à frente de 1.600 inquéritos, entre eles, a Castelo de Farinha, que
apura supostas fraudes em licitações para compra de merenda escolar das escolas
públicas que poderia envolver municípios administrados pelo PSB. Todos estão
parados, por enquanto, e serão redistribuídos para o Draco. “Está parecendo que
a intenção é mesmo afastá-la das investigações, já que ela se expôs a ocupar um
cargo menor e eles não aceitaram. Era para ter sido avisado que isso ia acontecer
antes das eleições”, disse Francisco Rodrigues.
Patrícia Domingos confirmou que foi convidada para
ser adjunta de nova gestora do Draco, Sylvana Lellis, mas ela mesma informou
não ter interesse de exercer um “cargo comissionado”. Patrícia frisou que, no
momento em que recebeu o convite para assessorar Sylvana, disse estar disposta
a atuar nas mesmas funções com a criação do departamento, como delegada, mas o
pedido foi negado.
Em reserva, vários delegados disseram à reportagem
que Sylvana Lellis era considerada como uma delegada ética, atuava como gestora
da Academia de Polícia, e tinha estruturado o Departamento de Homicídios e
Proteção à Pessoa. A preocupação, por outro lado, é com o fato de o governo ter
retirado Patrícia e apostado a missão a cargos gratificados. Pelo decreto
publicado, a SDS queria alocá-la com atribuição de “prestar assistência e
assessoramento direto ao Gestor do Departamento em assuntos e matérias
específicas, realizando trabalhos, promovendo ações especiais, analisando
projetos, programas e ações, e promovendo pesquisas e estudos sobre temas e
matérias afetas ao Órgão”. “Eu não aceitei o cargo porque as funções são
administrativas. Não tem funções investigativas, é um cargo comissionado, de
livre nomeação e exoneração. Eu, na verdade, me ofereci para um cargo abaixo
desse, para assumir uma das delegacias de combate ao crime organizado”.
Patrícia disse esperar que a SDS reconsidere, mas a
Secretaria já indicou novos nomes para ocupar as duas delegacias que serão
criadas na área de combate à corrupção. Ao ser indagada se havia questões
políticas, ela respondeu: “Não sei nada sobre isso”. Por meio da assessoria, a
Polícia Civil não comentou as críticas da Adeppe.
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