por estuprar a assassinar a enteada em 2015
Publicado em: 22/05/2018 18:59 Atualizado
Gildo da Silva Xavier é acusado de estuprar, matar e ocultar o corpo de Maria Alice Seabra num matagal de Itapissuma, em 2015
O mestre de obras Gildo da Silva Xavier, 35, foi condenado a 35 anos de
prisão em regime fechado por estuprar e assassinar sua enteada, a estudante
Maria Alice de Arruda Seabra Amorim, 19 anos, em junho de 2015. A pena será
cumprida no Presídio de Igarassu. O júri popular foi realizado nesta
terça-feira, na Câmara de Vereadores de Itapissuma. Durante o julgamento foram
ouvidas três testemunhas de acusação. A mãe de Alice, Maria José de Arruda, a
irmã, Maria Angélica de Amorim e a delegada Gleide Ângelo, que investigou o
caso na época. O corpo de julgados foi formado por sete mulheres. O acusado
chorou durante o depoimento e negou que tenha estuprado e amputado parte do
braço de Alice.
O advogado que estava acompanhando o acusado na época não convocou testemunhas de defesa e o defensor público Jânio Piancó assumiu o caso. Segundo ele, a defesa vai tentar diminuir as penas. "Ele foi ouvido três vezes na delegacia e todas elas desacompanhado de advogado. Vamos tentar redução das penas já que o estupro não foi comprovado pela perícia. A ocultação de cadáver também não está caracterizada porque não houve subtração do corpo", argumentou, durante a sessão da manhã.
O advogado que estava acompanhando o acusado na época não convocou testemunhas de defesa e o defensor público Jânio Piancó assumiu o caso. Segundo ele, a defesa vai tentar diminuir as penas. "Ele foi ouvido três vezes na delegacia e todas elas desacompanhado de advogado. Vamos tentar redução das penas já que o estupro não foi comprovado pela perícia. A ocultação de cadáver também não está caracterizada porque não houve subtração do corpo", argumentou, durante a sessão da manhã.
Segundo o réu, houve uma discussão enquanto ele a levava para uma
entrevista de emprego na empresa em que trabalhava. “Ela saiu de casa e eu
toquei no assunto porque queria que ela voltasse a morar com a gente. Mas ela
começou a brigar comigo e eu perdi a cabeça e dei três murros nela. Foi só
isso”, afirmou o réu. Ele confirma que alugou um carro por R$ 300 no município
de Goiana na sexta-feira, dia da morte de Alice, colocou uma película escura
nos vidros e deixou o corpo da jovem no canavial. “Quando eu vi que ela ficou
desacordada eu me desesperei, mas ela já estava sem respirar”, disse.
O promotor Alexandre Saraiva defendeu pena de 48 anos. Segundo revelou
em depoimento, a delegada Gleide Ângelo encontrou o corpo de Alice com a
calcinha e uma calça amarela que o padrasto estava usando, na altura do joelho,
e a blusa levantada, deixando os seios à mostra. Apesar da cena, Gildo nega o
estupro e diz que um animal deve ter arrancado parte do braço da vítima.
"O laudo traumatotrópico do IML mostra que o braço foi cortado com um instrumento. Tudo começou com uma tatuagem que ela tinha no braço esquerdo com o nome do pai e ele achava que era de um namorado. E o estupro não é considerado apenas quando há conjunção carnal. No canavial tinha sutiã rasgado, a calça que ele vestia e uma cueca dele", diz Gleide.
A delegada defendeu que o crime havia sido premeditado, já que o acusado
chegou a pedir dispensa do emprego no dia da morte da jovem. A mãe da vítima
confirmou a versão durante o interrogatório. “Há dois meses que ele vinha
prometendo um emprego como recepcionista na Ilha do Leite, onde a empresa iria abrir
uma sede. Como ela estava procurando uma vaga, fiquei tranquila confiando
nele”, diz. Para ter notícias da filha, Maria José ligou para o ex-marido
usando o celular da sogra no fim da tarde da sexta-feira, dia do crime.
Quando ele atendeu, ela ouviu gritos de socorro da filha. “Ela disse
‘socorro, mamãe’. Logo depois ele mandou que ela calasse a boca e desligou.
Sabia que a minha filha estava em perigo, mas não imaginei que o monstro fosse
ele”, contou chorando e bastante abalada durante seu depoimento.
"O que me impressionou foi a frieza, a forma com que ele justificou
toda essa barbárie. Esse foi o primeiro feminicídio que eu fiz e não tinha a
consciência que tenho hoje sobre o machista, agressor e homem que mata a
mulher. Eu agora consigo ver a forma simplista de que ele tinha um desejo
sexual e para satisfazer foi capaz de tudo, inclusive de matar colocando o
desejo a cima de tudo", comentou a delegada, classificando o crime como
absurdo, cruel e covarde. "Quem cria com quatro anos já é pai e ele tinha
o dever de cuidar. Com desculpa de arrumar um emprego, que era o sonho da
jovem, ele a levou para a morte".
A irmã de Alice, Maria Angélica de Amorim, 27, disse que o comportamento
controlador que padrasto demonstrava com a vítima também se repetiam com ela e
a filha biológica dele. “Em casa tudo tinha que ser do jeito dele. Ele brigava
muito com a minha mãe. Tinha muito ciúme de mim, das minhas irmãs e até da
mãe”, contou Angélica que preferiu falar sem a presença do réu.
Para a família, resta a dor e a esperança que a pena seja cumprida a
partir de agora. “Nunca desconfiei da maldição que ele trazia por dentro.
Perder uma filha já é difícil, e nessas condições a gente se desespera. O que
eu espero é que ele pague por tudo em regime fechado”, declarou Maria
José.
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